Orfanato como mediador escolar: a articulação espírita para assistência socioeducacional — Ituiutaba, MG, 1953–62

Alane De Cássia Alves Ferreira, Brenda Maria Dias Araújo, Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro

Resumo


Este estudo aborda a relação orfanato–educação na história da educação em Ituiutaba, MG. Parte desta pergunta: um orfanato (espírita) pode ser visto como instituição escolar? A indagação tem em vista o Lar Espírita Maria José Fratari, de relações diretas com o setor educacional e conectado a eventos importantes da história local. O estudo objetivou explorar a história das instituições escolares comunitárias de caráter assistencial mediante a sistematização de uma compreensão histórico-educacional da assistência à infância em orfanato e sua eventual condição de instituição educacional. Foi feita uma pesquisa documental no campo da história das instituições escolares, fundada na leitura analítico-interpretativa das fontes: atas de reunião de uma sociedade de senhoras espíritas. Os achados apontam o orfanato como instituição surgida em contexto de assistência social suscitada por lutas e enfrentamentos populares, assim como de economia e poder político potentes, mas com potência não refletida na melhoria das condições do todo da sociedade. Nesse sentido, o orfanato espírita vinha suprir a demanda de suporte do Estado à infância necessitada de acolhimento e educação. Haja vista ser parte de outras iniciativas institucional-assistenciais do movimento espírita, o orfanato surge sob signo de uma iniciativa educacional, seja a cantina ou a sala de aula de escolas primárias espíritas, nas quais atuavam senhoras da sociedade espírita. Agentes centrais, elas agiam como elos entre instituição de acolhimento e as instituições escolares do movimento; em sua ação, houve a preparação e o encaminhamento de crianças órfãs aos primeiros estágios escolares.


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