MULHERES À FRENTE DO ENSINO: considerações acerca do percurso sócio histórico do magistério feminino
Resumo
No Brasil, a atuação de mulheres como professoras na Educação Básica é uma característica antiga, notada principalmente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Essa ampla presença não é só uma questão de números, mas sim o resultado de mudanças sociais, culturais e históricas que, nos séculos XIX e XX, firmaram a profissão como algo ligado à imagem da mulher. Este estudo considera que a educação sempre esteve ligada a debates políticos, sociais e culturais, definindo participação, exclusão e reconhecimento no trabalho. Desse modo, examinar a presença das mulheres no ensino ajuda a entender como elas se tornaram maioria no setor e quais foram os efeitos disso na valorização da profissão. Mesmo dando uma das primeiras chances para mulheres atuarem fora de casa, o trabalho como professora continuou marcado por salários baixos, instabilidade e pouco reconhecimento, repetindo desigualdades de gênero já existentes. Metodologicamente, a pesquisa usa uma abordagem qualitativa e bibliográfica, o que permite entender as relações entre gênero, educação e trabalho de maneira contextualizada e crítica (Minayo, 2012; Gil, 2019). A análise da literatura mostra que a feminização do magistério, embora tenha aumentado a presença feminina, também ajudou a diminuir o valor da carreira de professor e a manter ideias preconceituosas sobre o papel de cada gênero (Almeida, 1998; Louro, 1997; Vianna, 2001; Nunes, 2016). Assim, o estudo destaca como é importante reconhecer a história do magistério feminino, debater seus problemas e pensar em formas atuais de dar valor à profissão.
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PDFReferências
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