O RELACIONAMENTO SÁFICO NO CINEMA: UM OLHAR SOBRE A REPRESENTAÇÃO NA PERSPECTIVA DA DIREÇÃO FEMININA E MASCULINA
Resumo
Este artigo buscou analisar as representações de relações sáficas em duas obras cinematográficas contemporâneas: Azul é a Cor Mais Quente (2013), dirigido por Abdellatif Kechiche, um homem cisgênero, e Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), realizado por Céline Sciamma, uma mulher cisgênera. A partir de uma abordagem qualitativa, fundamentada em estudos feministas e de gênero, e da análise fílmica, esta pesquisa analisou como o olhar da direção influencia a construção do desejo, da intimidade e da subjetividade entre mulheres. Como resultados alcançados, o contraste entre as obras evidencia diferenças marcantes no modo como o erotismo, as personagens e a dinâmica afetiva entre elas são representados, apontando para os efeitos do male gaze e do female gaze na estética e na ética dessas narrativas. Conclui-se que o gênero de quem dirige desempenha um papel central na maneira como histórias sáficas são contadas, afetando diretamente a potência representacional e o impacto político dessas imagens.
Texto completo:
PDFReferências
REFERÊNCIAS
ADOROCINEMA. Azul é a Cor Mais Quente. Disponível em:. Acesso em: 7 jul. 2025.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1949.
BERGER, John. Ways of Seeing. Episode 2. [S.l.]: BBC, 1972. Disponível em: https://youtu.be/lSSU3X_VBr8?si=XlUm-i01sCj3zb9b. Acesso em: 16 jun. 2025.
BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Rio de Janeiro: Rocco, 1987
CAIO BENTES. Crítica: Azul é a Cor Mais Quente | Cine Set. Disponível em: . Acesso em: 7 jul. 2025.
GOSSETT, Reina; STANLEY, Eric A.; BURCH, Johanna. Trap Door: Trans Cultural Production and the Politics of Visibility. MIT Press, 2017.
HALPERIN, David M. How to Do the History of Homosexuality. University of Chicago Press, 2002.
DARGIS, Manohla. The Trouble With “Blue Is the Warmest Color”. The New York Times, 25 out. 2013. Disponível em: https://www.nytimes.com/2013/10/27/movies/the-trouble-with-blue-is-the-warmest-color.html. Acesso em: 16 jun. 2025.
DE OLIVEIRA, L. A sexualidade feminina no Brasil: controle do corpo, vergonha e má-reputação. Revista Direito e Sexualidade, Salvador, v. 1, n. 2, 2023. DOI: 10.9771/revdirsex.v1i2.42440. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revdirsex/article/view/42440. Acesso em: 13 jun. 2025.
FAN, R. Crítica | Azul é a Cor Mais Quente. Disponível em:. Acesso em: 7 jul. 2025.
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Obras Completas, vol. 6. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
HOOKS, bell. The oppositional gaze: Black female spectators. In: Black looks: Race and representation. Boston: South End Press, 1992. p. 115–131.
KALEEM AFTAB. Blue is the Warmest Colour actresses on their lesbian sex scenes: “We felt like prostitutes”. The Independent, 4 out. 2013.
KERMODE, Mark. Blue Is the Warmest Colour – review. The Guardian, 10 nov. 2013. Disponível em: https://www.theguardian.com/film/2013/nov/10/blue-is-the-warmest-colour-review. Acesso em: 15 jun. 2025.
LA VIE D'ADÈLE – CHAPITRES 1 ET 2 (Azul é a cor mais quente). Direção: Abdellatif Kechiche. França: Wild Bunch; Quat’Sous Films; France 2 Cinéma, 2013.
LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
LE MARINEL, Zoe. The female gaze is not a thing — please don’t make it a thing. Honi Soit, 9 out. 2023. Disponível em: https://honisoit.com/2023/10/the-female-gaze-is-not-a-thing-please-dont-make-it-a-thing/. Acesso em: 16 jun. 2025.
LOPES, Sabrina Fernandes Pereira; AUAD, Daniela; LAHNI, Cláudia Regina. Cinema e visibilidade lésbica: teorias feministas em prol da cidadania comunicativa. Seminário Internacional Fazendo Gênero. v. 12, Florianópolis, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/53952. Acesso em: 14 jun. 2025.
MALONE, Alicia. The Female Gaze: Essential Movies Made by Women. Emeryville: Mango Publishing, 2018.
MARADIA, P. et al. Framing perception: exploring camera induced objectification in cinema. 2025. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2504.10404. DOI: 10.48550/arXiv.2504.10404. Acesso em: 12 jun. 2025.
MAROH, Jul. Blue Is the Warmest Color: The Graphic Novel. Arsenal Pulp Press, 2013.
MAROH, Julie. “La vie d'Adèle: une vision masculine et hétéronormée du désir lesbien.” Blog personnel, 27 out. 2013. Disponível em: http://julie-maroh.com. Acesso em: 25 maio 2025.
Mendes, K. D. S., Silveira, R. C. de C. P., & Galvão, C. M.. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto - Enfermagem, 17(4), 758–764. https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
MORGAN, Michaela. Céline Sciamma is changing queer cinema for the better. Them., 9 mar. 2020. Disponível em: https://www.them.us/story/now-list-2020-celine-sciamma. Acesso em: 16 jun. 2025.
MULVEY, Laura. Visual pleasure and narrative cinema. Screen, v. 16, n. 3, p. 6–18, Autumn 1975.
MULVEY, Laura. Visual Pleasure and Narrative Cinema. In: MULVEY, Laura. Visual and Other Pleasures. London: Palgrave, 1989. p. 14–26.
PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes - conceitos e metodologia(s). 2009.
PEREIRA, Marcella Stefany Batista. Do male ao female gaze: uma análise a partir dos olhares em Retrato de uma Jovem em Chamas. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História da Arte) – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2023. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66523 Acesso em: 12 jun. 2025.
PORTRAIT DE LA JEUNE FILLE EN FEU (Retrato de uma jovem em chamas). Direção: Céline Sciamma. França: Lilies Films; Arte France Cinéma, 2019.
RAMOS, Fernão Pessoa. Masculino, feminino: o sexo do cinema. 3. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
REIS, Maria Luísa Sousa. Cartografia de afetos: uma análise do filme Retrato de uma Jovem em Chamas. 2022. 94 f. Monografia (Graduação em Jornalismo) - Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2022.
RICH, B. Ruby. Compulsory Heterosexuality and Lesbian Existence in Cinema. In: RICH, B. Ruby. Chick Flicks: Theories and Memories of the Feminist Film Movement. Durham: Duke University Press, 1981. p. 55–64.
RICH, B. Ruby. New Queer Cinema: The Director’s Cut. Durham: Duke University Press, 2013.
RUSSO, Vito. The Celluloid Closet: Homosexuality in the Movies. New York: Harper & Row, 1981.
SIEGLER, Marc. “Léa Seydoux and Adèle Exarchopoulos on Blue Is the Warmest Color’s Wild Sex Scenes.” The Daily Beast, 25 out. 2013. Disponível em: https://www.thedailybeast.com. Acesso em: 25 maio 2025.
SILVA, Ana Paula da. Representações de relações sáficas no cinema contemporâneo: olhares e discursos em Céline Sciamma e Lisa Cholodenko. Seminário Internacional Fazendo Gênero. v. 12, Florianópolis, 2021. Disponível em: https://www.fazendogenero.ufsc.br/12/anais/. Acesso em: 15 jun. 2025.
UOL. Atriz do filme 'Azul é a Cor Mais Quente' diz que gravações foram 'insanas'. Splash, 10 maio 2022. Disponível em: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/05/10/atriz-do-filme-azul-e-a-cor-mais-quente-diz-que-gravacoes-foram-insanas.htm. Acesso em: 1 jul. 2025.
VANITY FAIR. Portrait of a Lady on Fire: The Real‑Life Love Story Behind the Scorching Film. Vanity Fair [online], 14 fev. 2020. Disponível em: https://www.vanityfair.com/hollywood/2020/02/portrait-of-a-lady-on-fire. Acesso em: 16 jun. 2025.
Apontamentos
- Não há apontamentos.